quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PSICOLOGIA E TELEVISÃO.

O objetivo principal da realização deste evento é abordar a influência da Televisão na vida das pessoas. Para analisarmos sobre o tema vamos apresentar a visão da Comunicação, com o olhar da Psicologia e Sociologia, como ciências que estudam esse fenômeno.

Ao falarmos sobre esse tema não poderíamos deixar de citar a autora Émile Durkheim, onde ela diz que o indivíduo está constantemente submetido a "códigos" imperativos e coercitivos impostos pela sociedade. "Vêm a cada um de nós do exterior e são suscetíveis de nos arrastar sem que o queiramos". Ao nascer, o indivíduo já encontra pronta as regras, práticas, crenças, maneiras de agir, de pensar e de sentir. Nessa perspectiva, o indivíduo se torna um edifício da sociedade, moldado e acabado segundo seus parâmetros, suas regras, seus modelos. Assim, a mídia, em especial a partir do aparecimento da televisão em 1929, tem uma função extremamente delicada e imbuída de máxima responsabilidade diante da sociedade no que se refere à formação do indivíduo, com relação aos valores morais, ao caráter, à dignidade, à cidadania e todas as demais qualidades básicas de comportamento e convivência social.

Este é o trabalho indeclinável de cada um, da família, do Estado e, destacadamente, dos meios de comunicação social. Uma sociedade mede-se pelo grau de cidadania dos que a compõem. O cidadão, como se vê, é modelado pela própria sociedade que, para tal, utiliza-se dos meios ao seu alcance. Dentre eles, a mídia, que deve ser passaporte para a inclusão social, promotora da educação em valores, respeitando a cultura e as crenças de cada comunidade. A mídia detém o privilégio do alcance pleno. Falta-lhe encontrar seu verdadeiro sentido de indutora da cidadania, ou seja, despertar no indivíduo o interesse pelo bem comum, pelo bom funcionamento das instituições, pelo bem-estar da coletividade. Divulgar a idéia de priorização dos valores fundamentais: a vida, a liberdade, a paz, o respeito mútuo. Motivar o indivíduo na busca da auto-realização, da mudança de atitudes que fortaleça o caráter, promova a tolerância em relação à família, aos amigos, aos co-habitantes. Favorecer o desenvolvimento de uma consciência crítica para uma maior percepção e discernimento do bem comum da humanidade.

Ainda segundo Tácito, Wolf repassa criticamente todas as teorias acerca da comunicação de massa e conclui que, "de uma forma global, todos os estudos acerca da forma da mensagem mais adequada para fins persuasivos, salientam que a eficácia da estrutura das mensagens varia, ao variarem certas características dos destinatários, e que os efeitos das comunicações de massa dependem essencialmente das interações que se estabelecem entre esses fatores". Surge aí a relevância da televisão. Além de entender a importância da educação familiar e do ambiente escolar, é preciso que se dimensione o papel desempenhado pela exposição da criança aos estímulos e à influência dos meios de comunicação, especialmente os eletrônicos. Na moldagem do psiquismo infantil, há modelos de adultos - pais, professores e outros heróis - com os quais a criança se identifica e que, por isso, influenciam decisivamente no comportamento dos filhos, alunos e fãs. Pela estrutura do mundo moderno, a criança passa muito mais tempo na companhia dos heróis da televisão que com o pai ou o professor. Milhões delas substituem a ausência familiar e compensam sua solidão pela companhia de uma tela colorida, ágil, múltipla e sempre presente e disponível. Os modelos de identificação, positivos e negativos, acabam emergindo desse conjunto de influência. Quanto menor e mais frágil a criança, mais influência sofrerá e mais suscetível será de encontrar num herói violento ou mau caráter o modelo no qual espelhará seu futuro. (...) Uma má programação de televisão, como um mau pai ou um mau professor, pode se juntar decisivamente a circunstâncias pessoais das crianças para se constituir em fator patogênico. Interações sutis repetitivas patrocinadas por programas de televisão podem ter influência (saudável ou maléfica) tão decisiva quanto fatos (felizes ou traumáticos) da vida real. Paulo Roberto Ceccarelli vê a questão da influência da mídia no comportamento social das crianças segundo o "espaço" criado pela ausência de um ambiente familiar bem estruturado. Neste caso, a criança buscará fora do âmbito familiar referências para construir seu sistema de valor ético-moral. Cenas que evocam violência, agressividade, aquelas que sugerem relações baseadas na desconfiança, na falta de solidariedade e outros fatores anti-sociais podem incutir "valores éticos" contrários àqueles tidos como fundamentais a uma estrutura social edificada em vista do respeito aos direitos do cidadão.

O Professor Ceccarelli ainda afirma que: "a situação tampouco é simples: estes buscam modelos externos durante o período de separação e luto dos modelos familiares. Aqueles carentes de referências no ambiente familiar, encontram nos ’valores globais’ respostas lá onde os pais, e em seguida a sociedade, nada lhes propõem, ‘assegurando’ ao sujeito a ilusão de pertencer a um grupo. Alguns movimentos anti-sociais dos adolescentes - delinqüência, uso de drogas... - traduzem bem esta configuração. Em ambos os casos - crianças e adolescentes - quando o mundo interno se encontra mal estruturado e pobre em imagens identificatórias, a televisão pode oferecer ‘soluções’ a conflitos internos. Tal situação é particularmente dramática nas camadas sociais menos favorecidas, vítimas potenciais da propaganda do capitalismo. Pode acontecer que, para muitos, os valores exibidos pela TV sejam transformados em valores sociais de felicidade. Ora, quando se cria entre o Eu do indivíduo e estes ‘valores’ uma distância intransponível, a violência pode ser a única maneira encontrada pelo sujeito como resposta à exclusão na qual este mesmo sistema o colocou". Todo esse debate sobre a mídia, em especial a televisão, justifica-se, dada a importância consagrada deste veículo como instrumento de conscientização e educação das massas. Necessário se faz o zelo pela sua programação, não a isentando da sua responsabilidade social. Aliás, há que se encaminhar a vigilância civil sobre todos os meios de comunicação. Este é o papel da sociedade, por meio de suas organizações, num sistema verdadeiramente democrático, já que todos os serviços de comunicação são concedidos e autorizados pelo Estado. Os beneficiários dessas concessões, ou seja, os donos das empresas de comunicação, precisam conscientizar-se de que detêm uma permissão pública da qual devem usar, e não abusarem, pois se trata de um instrumento de interesse estratégico do Estado para informação, entretenimento e formação que atenda aos princípios de respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.


Wilma Nascimento. (Professora e Jornalista)

2 comentários:

Anônimo disse...

Émile Durkheim é um homem!

Anônimo disse...

Gente, por favor, desde quando Durkheim é uma mulher? Tá precisando pagar a cadeira de filosofia de novo, hein..

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